digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

quinta-feira, agosto 02, 2018

Conveniência de se ser feliz-livre


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Não sei se há muitas pessoas com pensamentos inúteis. Tenho muitos, todos os dias produzo-os com abundância.
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Os pensamentos inúteis dividem-se em objectos-não-funcionais e em coisas-nenhumas. Gosto mais desta segunda vertente, acho-a mais interessante, pois pode gerar mais coisas-nenhumas, servindo de incubação mental, parto, escola e ginásio, incentivando-me a inventar vazios de préstimo.
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Essas nulidades têm alternativa, pois têm. Só de pensar nelas turva-se-me o pensamento e escarafuncha-me todas as entranhas, incluindo as que não existem – obviamente um objectos-não funcionais.
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Contudo, a realidade é muito aborrecida e entedia-me. Com verdade, interessa-me pouco. Faço o que tenho de fazer, só faço o que tenho de fazer por isso mesmo, porque tenho de fazer.
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Não digo por pedanteria, sinto-me nessa infelicidade, como enfeitiçado por mau-olhado. A vida tem-me dado utilidades-sem-préstimo. Não sou bom em nada, exceptuando em objectos-não-funcionais e em coisas-nenhumas. Algumas raras aparições tornam-se coisas-vagas, de funcionalidade.
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Portanto, entre o enfado da banalidade e o desinteresse pela quase totalidade do que tenho de fazer, prefiro os meus objectos-não-funcionais e as coisas-nenhumas.
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Por aí crio e amo, multiplicando os afectos de quem gosto-gostam.
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