digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

domingo, junho 28, 2015

Água

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Se digo, é uma maré de ondas grandes que me transpõe. Se não digo, fico em represa a transbordar. Afogo-me no rebentar irado da partida ou no cansaço de inalcançar uma margem.
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Quando era pequenino tinha colo e festas na cabeça. Agitavam-me devagarinho para que me acalmasse e fechasse os olhos em sonhos de miminhos.
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A vida corria magra entre seixos, fresca, transparente e limpa. Afluentes, os anos e as suas lágrimas encheram o leito, onde à noite me deito e desejo dexistir ou adormecer até chegar o sopro.
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Sinto muito e peço-me desculpa e perdão aos outros. Se uma luz viesse iluminando-me, para que lavasse, levasse em graça e esquecimento.
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Um copo de água fresca amolecendo pela noite do dormir e pela manhã ainda lá estar com pequenas esferas de ar aprisionado e eu longe.

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