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Sou uma fábrica de melancolia. Sou uma fábrica de tédio. Sou
uma fábrica de quase apatia. Sou uma fábrica de quase indiferença. Sou uma
fábrica alimentada nos seus resíduos. Tenho engenhos arrefecidos por lágrimas de
suspiros secos e pelo vento de pensar depressa, que é não pensar. Pesam-me os
olhos e peso-me, vontando-me de dormir ou vontando-me de ter querer de dormir. A
gravidade do silêncio e o horror aos sons da alegria, rasgando com euforia o
sossego fúnebre do desfalecimento reclamado. Se derretesse por dentro. Liquefeito
e pastoso numa caixa amedrontante de abrir. Ser o sarcófago esvaziado, purgado
da dor e desinfectado das vontades que não tenho, preventivamente. A casa negra
e uma fresta, não-janela não-aberta, fora igual a dentro, ruído banal da
fabricação. Ainda plantando árvores irei intoxicar ainda. A chuva-ácida
meu-sangue, as chaminés meus-gritos, tudo que faz me sacia indejosamente. Não
há lei que me proíba nem prejuízo que me feche. Tomara fizesse a coragem para
ser cobarde e num alto-forno.
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