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A casa não fica no mundo,
fica no Verão e se chuva*, a chuva é em mim, trovoadas tão negras, mais negras
do que as de água, belas como as de Rubens.
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As janelas para a rua –
que não tem luz que preste – têm as portadas fechadas. O Sol vê-se de Nascente
a Poente.
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Às vezes batem à porta. Quase
não oiço, pairando em transe alguns palmos sobre a vida.
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Há dois jardins. O árabe e
o verde.
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O árabe tem fresco,
pomares de laranjeiras e muitas fruteiras. Azulejos e água sempre correndo. Ninhos
pró amor, vinho e paredes de seda voantes, entre colunas e a toda à volta –
casa seminua, de almofadas, lençóis e flores.
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O outro tem árvores
grandes. Umas dão sombra, outras são ciprestes e melancolias. Muita erva para deitar
a preguiça e o tédio.
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Só chove no verde. No
outro, o frenesim do amor e o ânimo do vinho desconhecem outra coisa além da
vida.
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Nota*: utilizei
propositadamente a palavra «chuva» em vez de «chove», que era incompetente.
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