digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

domingo, julho 13, 2014

O Sarrazola e eu

Escrevo poemas toscos de contra-senso barroco.
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O Sarrazola escreve poemas finos, de arestas vivas por serem tão polidas.
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Escrevo poemas a respirar.
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O Sarrazola escreve poemas a doer de parto.
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Faço tudo em bruto, aos trambolhões da cabeça abaixo.
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O Sarrazola escreve pensando. Volta a pensar, rasga, pensa, escreve, rasga, rescreve e escreve.
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Desculpo-me no argumento do genuíno, no poema-bom-selvagem.
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O Sarrazola diz-me para limpar a sujidade do quase improviso.
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Escrevo acreditando na inspiração.
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O Sarrazola escreve com trabalho.
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Acredito em musas...
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O Sarrazola...
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Acredito no talento e no talento do Sarrazola e convenço-me que tenho algum.
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O Sarrazola...
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Escrevo poemas num blogue – serão eternos.
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O Sarrazola escreve livros pequenos.
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Os meus poemas ficarão esquecidos na multidão da internet e os que terão uma mão de fora estarão maltratados pelo tempo.
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O Sarrazola estará nas bibliotecas e será citado.
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Gostaria de um dia ser reconhecido, mas suicido-me a cada poema que escrevo.
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O Sarrazola escreve poesia e sabe escrevê-la.
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Tenho preguiça.
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O Sarrazola sua das palavras.
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Sou leviano.
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O Sarrazola é fiel.
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O Sarrazola é um grande poeta e gostava-o maior que.
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Sou um malabarista e detesto circo. Como toda arte morta circense, nem mesmo eu me lembro do que escrevi.
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O Sarrazola é um grande poeta.
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Nota: Dedico este meu poema ao meu grande amigo Alexandre Sarrazola, que publica na editora Averno – editora pequenina mas muito séria.

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