digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

segunda-feira, fevereiro 02, 2009

A tabela periódica

Ainda hoje tenho pesadelos com o nono ano. O nono ano calha sempre e em cheio na idade da parvoice... era ver-nos a chumbar. Chumbos com que se atira aos pássaros; caíamos que nem tordos. Lá passei com alguma deficuldade. Serviu-me de lição.
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Nos dois anos seguintes vivi três filmes de terror: matemática, desnecessária para o meu futuro e vocação, física, para me complicar os nervos e deixar intrigado quanto à sua utilidade, e química, que sempre era mais concreta, mas cujo interesse era idêntico à atracção sexual das osgas. Porém, sempre havia alguma coisa que me animava nas aulas de química: a tabela periódica. As cores entretinham-me, apesar da criatividade dos cientistas não ser muita.
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O que eu queria era as artes. Mas esse meu namoro terminou abruptamente, aquelas três cadeiras eram excessivas para mim... sofri horrores, saltei de explicador em explicador, passei pela vergonha das classificações em linguagem binária (zero e um), tive pesadelos, desmotivação, irritabilidade e sentimento de injustiça.
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Não podia continuar a sofrer devido a três cadeiras desnecessárias e inúteis, que me causavam um sentimento de revolta. Segui, então, a minha segunda vocação, as letras, em geral, e a história em particular. Se eu pudesse voltar atrás... ao nono ano... era agora mais fácil, parece que os setôres estão mais na boa e são mais compreensivos.
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Reconheçam, um quadro de Vasarely não é infinitivamente mais belo e interessante do que uma tabela periódica?!

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