digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

quinta-feira, março 30, 2006

Não quero

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Cada ruga é um caminho, quanto mais profunda mais numerosas a estórias para contar. Enredos simples, pequenos dramas, beijos de amores impossíveis, rupturas dolorosas e reencontros felizes. A fundura dos olhos foi escavada pelas lágrimas que não se verteram e as olheiras têm a cor das noites por dormir. Os lábios tiveram uma carne mais rija a segurá-los, hoje descaem de tanto se terem banzado, mas já nada espanta o homem. A cor do cabelo é da prata, por nenhuma razão que não a da idade. Simples! As orelhas cresceram e o nariz aumentou como acontece a todos os velhos. As desilusões de amor tonaram o coração num amontoado de cicatrizes. Primeiro endurecido, agora flácido e enfraquecido, à espera que uma vintona lhe assobie para se enamorar sem erecção. Daqui por quanto tempo será? Não quero!

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