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As horas passam sem fim e os anos na luz. O tempo expande-se
e incompreendo-o, não em nostalgia, são remorsos dos finais que precipitei, a
calvície e a vista cansada.
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Acordei com quarenta e tais anos, já me achara adulto aos
trintas e senhor nos vintes, com responsabilidade pesada dos falhanços e da
carga agravando-se.
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Não percebi se ganhei ponderação ou perdi paciência. Sei que
a vida leva-se, tem de ser, mesmo desesperançando-me. Desejo vidas como nos videojogos,
recomeçar num sítio doutros dias, rever os males e aprender dos outros.
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Crescer, envelhecer, é uma tristeza. Não é a luz nem a chuva
nem o frio nem a noite nem o escuro nem o soalheiro nem o calor nem o dia nem
Outonos nem Primaveras. É um bicho dentro a esgravatar, sem veneno que o mate
sem lhe ser solidário no destino.
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Os miúdos estão grandes, não tarda arrependem-se e
envelhecem.
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