digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

domingo, julho 26, 2015

A arte e o Soviete Supremo

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Não, é demasiado bom para não ser naïf – um galicismo, por ter tanto de ternurento e tão pouco de ingénuo – que alcança o patético… Engano!
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O que ainda se guarda do academismo, patrioteirismo e serventilismo nos confins da antiga União Soviética. Não consegui encontrar o nome do autor, apenas que esteve entre as finalistas para uma exposição de Centro de Belas Artes da República de Basquíria, situado em Ufa.
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Oportuníssimo, o artista. A obra – não fora pintada a acrílico e ainda estaria em mutação oleosa – mostra ao mundo cinco chefes de Estado no Zen dum amanhã cantor.
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A querida Dilma Rousseff, a brasileira que desconhece e maltrata a língua portuguesa, sorri como nunca… o som das palavras cínico e cinismo lembra-me russo. Conjecturas infundadas.
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Narendra Modi e o ar bondoso de todos os chefes indianos. A calma, a serenidade, a bondade e tranquilidade…
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Um certo racismo na falta de espaço para o sul-africano Jacob Zuma, que sorri mal como numa fotografia de modelo sem fotogenia, acentuado pelo puxar do braço encolhido de Xi Jinping, com o olhar vazio e silencioso dos secretários-gerais do Partido Comunista Chinês.
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Ao centro, puxando pela China e pelo Brasil, deixando o indiano atrás sem espaço nem jeito para colocar as mãos, o russo Vladimir Putin. À frente, com pose de gelo militar e olhar de sedutor esclarecido.
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Pombinhas brancas esvoaçam em paz e alegria, dando vida ao compromisso pela fraternidade e o trabalho... um ícone naïf... 
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O soviético Vladimir Putin. Tudo aqui conta que o gigante euro-asiático tem as feridas quase saradas, não as lambe e lhe apetece afiar as garras.
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Na Ucrânia, nada de novo.
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Pode não ser uma obra-prima e obra de arte até pode ser também um exagero, mas conta muita coisa, como as peças dos grandes mestres.
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Nota 1: Se alguém conhecer o nome do autor desta obra que fará história, por favor informo-me para lhe atribuir o crédito nas referências.
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Nota 2: A exposição foi organizada no âmbito da reunião, de 8 e 9 de Julho, dos BRICS (sigla em inglês do grupo do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), em Ufa.

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