digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

terça-feira, janeiro 13, 2009

Festas do frio e do Ronaldo

Portugal é um país magnífico, onde não há notícias. Não se passa nada. Por isso, os noticiários fazem-se com faits divers. Ontem, dia de grande glória nacional (enfim), foi um fartote de Cristiano Ronaldo, desde a família, os amigos, os colegas, os adeptos, os portugueses na rua, os ingleses na rua, a história desde pequenino, o treinador de quando era juvenil, o de quando era iniciado, o de quando era júnior, o seleccionador nacional, o treinador que o lançou nos séniores, o treinador do Manchester United... espero não me ter esquecido de ninguém.
Depois do miúdo maravilha foi tempo de, uma vez mais desde que há Inverno, fazer reportagens sobre o frio e a neve. Não é suposto nesta época fazer frio? Quanto muito noutros anos seria notícia não nevar nas terras altas.
Por fim, depois de muitos zappings nas televisões generalistas e antes de me decidir a fazer alguma coisa de jeito, ainda fui informado que o futuro presidente dos Estados Unidos vai ter um cão (já se sabia) e que pode (pode) ser de raça portuguesa, no caso um cão de água do Algarve.
Nesta festa de Ronaldite, aguda ou grave, já nem sei, é de assinalar que a maioria dos jornalistas não sabe pronunciar o nome de Cristiano Ronaldo, chamando-lhe «Rónaldo». Ora, a palavra não é uma paroxítona (que por acaso também é uma paroxítona), por isso lê-se «Runaldo». Mas enfim, os tadinhos saem da escola sem saberem escrever nem falar, além de que os jornalistas desportivos têm, em média, um QI semelhante ao dum jogador de futebol, ou seja duma miss beldade. Pudera, o tema é bem desafiante para o intelecto!...


Nota: Já depois de ter escrito este texto e de algumas pessoas o terem lido, vieram contar-me que um brilhante jornalista pôs uma iluminada questão a Cristiano Ronaldo. Se quando estivera no Japão, por causa da taça do mundo de clubes (ou lá o que é), tinha comido sushi. Ora, como se vê, é uma excitação. O país não podia perder tamanha informação. E parece que o cromo não respondeu: «Não, pá, comi sushi em Manchester. Já há sushi em todo o mundo»... Dah!

3 comentários:

Anónimo disse...

Burros há em todo o lado. Já pensaste que as notícias são apenas o reflexo do país medríocre (em mentalidade) que temos? O Manel não dá uma queca à Maria se o clube dele não ganhar! ...

Brandão disse...

Caríssimo,

Não podia concordar mais contigo e com a Menina do Chá..., este país tem mesmo as notícias que merece. Ficarei seriamente preocupado quando nos passarmos a preocupar com a actualidade. Ouvir ontem um jornalista dizer: "Ronaldo esperou a vida inteira por isto...", questiono-me o que é esperar 20 e poucos anos, sendo que metade nem consciência tinha e ao jntarmos as afirmações do PGR que alerta para a corrupção dum mundo que move milhões...

O país tem de facto o que quer.

Barbara disse...

E os foguetes na Madeira!? hã?! A senhora até estava em directo (naqueles quadradinhos pequeninos no canto inferior direito) pronta a lançar o fogo! 2 directos ao mesmo tempo e tu ainda dizes mal do jornalismo em Portugal!?!?

É porque não viste o telejornal até ao senhor da Protecção Civil.