
Dois amigos, muito amigos, no género gémeos siameses, entram num restaurante e sentam-se numa mesa banhada pela afável luz do Sol. Os dois parceiros juntam-se com regularidade para comer, seja almoço, seja jantar. São siameses porque concordam em tudo e pensavam que só em completa sintonia se pode ser absolutamente amigo e, em última análise, feliz. Quando se abancam pedem a mesma coisa, nem discutem ou duvidam.
.
Naquele começo de tarde no restaurante das alegrias sentaram-se os siameses com vontade de conversar e repastar como habitualmente, como sempre, como só podia ser. Sentaram-se enganados, sem que alguém os levasse ao engano. O enguiço aconteceu por culpa própria, certamente por desacerto astral. Há coisas bizarras que acontecem no céu e desta vez foi à hora do almoço.
.
Naquele começo de tarde no restaurante das alegrias sentaram-se os siameses com vontade de conversar e repastar como habitualmente, como sempre, como só podia ser. Sentaram-se enganados, sem que alguém os levasse ao engano. O enguiço aconteceu por culpa própria, certamente por desacerto astral. Há coisas bizarras que acontecem no céu e desta vez foi à hora do almoço.
.
Escrevo aqui parte do diálogo o melhor que sei, posso e lembro. Digo já, em avançado, que a minha memória já não é o que era, mas continua fiável. Foi assim:
- O que desejam os senhores para almoçar – perguntou o empregado.
- Ovos mexidos com espargos verdes e peixinhos da horta para entrada – afirmou um dos siameses, sem que o outro deixasse o jeito distraído.
- Sim senhor – respondeu o empregado antes de fazer a fatídica pergunta – e para prato principal o que vão querer?
- Ensopado de borrego – exclamou peremptório o mesmo siamês.
.
- O que desejam os senhores para almoçar – perguntou o empregado.
- Ovos mexidos com espargos verdes e peixinhos da horta para entrada – afirmou um dos siameses, sem que o outro deixasse o jeito distraído.
- Sim senhor – respondeu o empregado antes de fazer a fatídica pergunta – e para prato principal o que vão querer?
- Ensopado de borrego – exclamou peremptório o mesmo siamês.
.
Foi neste preciso instante que se sentiu um estranho fenómeno meteorológico no Canadá, em resultado duma borboleta ter batido as asas na Austrália. O outro comensal arregalou os olhos e não hesitou em contestar a escolha. Absolutamente não! Gerou-se uma profunda discordância entre os dois. O conflito terminou com uma sábia pergunta do empregado:
- Por que não pedem pratos diferentes? - Fez-se luz e depressa se celebrou um feliz acordo.
- E para beber? – prosseguiu.
.
- Por que não pedem pratos diferentes? - Fez-se luz e depressa se celebrou um feliz acordo.
- E para beber? – prosseguiu.
.
A situação astral realinhou-se e o consenso voltou a reinar. Mandaram vir Pequeno João 2004, um tinto Regional Alentejano.
.
.
Os dois amigos compreenderam, naquela refeição, que a amizade não tem de ser simétrica, absoluta e mimética, embora se faça de elementos comuns entre as partes e assente em cumplicidades. Os laços fortaleceram-se, então. Saíram os dois mais felizes do que entraram. E brindaram com aquele tinto. Claro que brindaram, até porque é um vinho «daqueles».
Sem comentários:
Enviar um comentário