digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

sábado, julho 26, 2025

E entardece

 


.

É onde estou, parado. Ao retrospectivar, não me rodando e sem olho de ver para trás, mas sei o que está, aqueles anos percebo tardiamente o sítio onde pertenço.

.

Começa a obscurecer e sem saber o que fazer com a vida errada. Não há como inverter, não há terra, água ou céu para. Nem as palavras se corrigem no ar nem os passos se acertam com sapatos errados.

.

Há um ramalhete de músicas, álbuns onde as imagens são ausentes e presentes, viagens incríveis-banais, caixas com as certezas juvenis, escuro de bola-espelhada e strobe light, cofre de esconder o álcool censurado e árvore-natal de miúdas-beijos na minha cabeça.

.

Quarto está erradamente arrumado, a chave está na fechadura da porta aberta e não vou. Sei o miolo e não sou sôfrego do que tive.

.

Chego a pensar que me faltam saudade e nostalgia para ter razão para chorar e alcançar os direitos para viver e morrer. Em vez disso, sobrevivo.

.

A sobrevivência é o tédio da derrota. Interpretar não muda, sejam as perspectivas íngreme ou serena.

.

Esses dias são noutra vida, como são os das outras vidas.

.

Só obrigado voltaria, mas sei onde pertenço e não é aqui.