É onde estou, parado. Ao retrospectivar, não me rodando e sem olho de ver para trás, mas sei o que está, aqueles anos percebo tardiamente o sítio onde pertenço.
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Começa a obscurecer e sem saber o que fazer com a vida errada. Não há como inverter, não há terra, água ou céu para. Nem as palavras se corrigem no ar nem os passos se acertam com sapatos errados.
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Há um ramalhete de músicas, álbuns onde as imagens são ausentes e presentes, viagens incríveis-banais, caixas com as certezas juvenis, escuro de bola-espelhada e strobe light, cofre de esconder o álcool censurado e árvore-natal de miúdas-beijos na minha cabeça.
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Quarto está erradamente arrumado, a chave está na fechadura da porta aberta e não vou. Sei o miolo e não sou sôfrego do que tive.
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Chego a pensar que me faltam saudade e nostalgia para ter razão para chorar e alcançar os direitos para viver e morrer. Em vez disso, sobrevivo.
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A sobrevivência é o tédio da derrota. Interpretar não muda, sejam as perspectivas íngreme ou serena.
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Esses dias são noutra vida, como são os das outras vidas.
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Só obrigado voltaria, mas sei onde pertenço e não é aqui.