digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

quarta-feira, novembro 04, 2009

Com cogumelos, trá lá lá lá





















Questiono-me por que não se vêem nos quadros vinhos de colheita tardia ou indícios da sua degustação, pelo menos que me lembre em memória a olho nu. É estranho, visto terem um carácter tão particular e serem bastante apreciados. Aliás, os famosos Tokay – produzidos numa região que se divide hoje entre a Hungria e a Eslováquia – pertencem a esta categoria, são antigos e foram, até à chegada ao estrelato do Vinho do Porto, o grande vinhos das cortes europeias. Depois há os Sauternes, não menos famosos.
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Mas a verdade é que não me recordo de ver um colheita tardia na pintura. Aliás, nem serão muitos os vinhos brancos retratados… se é que há algum. Talvez a minha memória precise de descansar e de algum magnésio. Certamente a razão deve-se mais à beleza e impacto visual dos tintos. A menos que nenhum pintor nunca tenha degustado estes vinhos especiais.
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À laia de vingança, pela ausência de referência na pintura, deixo uma dica gastronómica: Seguram-se, delicadamente e com amor – porque são muito sensíveis e simpáticos - os cogumelos portobello e tira-se-lhe o pé. Na cratera do fungo coloca-se fois-gras – ou uma outra pasta de fígado – e, sobre esta, uma rodela de queijo de cabra. Os cogumelos vão, então, a gratinar no forno. Posto isto, é só servir e comer. Para melhor os degustar, é favor servir um vinho de colheita tardia e à temperatura certa, nunca acima dos dez graus.
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A beleza da ligação está nos fígados e não tanto nos fungos, pelo que a receita é dispensável. Se em vez dos cogumelos servir um doce, também não vai nada mal. Antes pelo contrário. Um colheita tardia acompanha bem o chocolate, tartes e alguns bolos.
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A sugestão vai para o Quinta da Romeira Colheita Tardia 2004, um vinho de cor dourada, da região de Bucelas. Que tal parece? No nariz notas de frutas, como a pêra e a laranja, além de baunilha e especiarias. Na boca é gordo e doce, com boa acidez, dada pela casta arinto, embora o lote seja composto também pela sercial.Posto isto, estou mais guloso e vou deixar-vos para ir às compras. Não será muito difícil de imaginar o que vou, então, comprar.

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