domingo, janeiro 11, 2015

Nu por aí

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Sonhando ou descrendo enrolo-me na espiral até ao ventre materno. O calor emprestado pelas mantas pesadas de lã, a carne de almofadas, a posição fetal.
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Tão grande melancolia adormece num sono de ir embora. O tédio molha, o tédio seca e derramo espontaneamente sangue.
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Se aviso, se convite. Pouco silêncio, pouco barulho, lugar de lugar nenhum e o mundo todo para avistar do alto.
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A vida começa no A que se grita na primeira perda, quando o ventre desnuda e chega a dor do respirar.
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A vida acaba na dor de respirar e na fragilidade nostálgica do ventre. Se o vento não vai para trás, chega-se à frente na esperança de que falte o chão – falta sempre ao sentir-se faltar –, a vida caínte cai ao fundo.
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Enfrenta o vento quem não quer ficar na melancolia medonha a que se exagera chamando vida.

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