segunda-feira, novembro 30, 2009

domingo, novembro 29, 2009

Fim do mundo

Quando penso no fim do mundo, ou da humanidade na Terra, penso na Torre de Belém. Será um desperdício de beleza se um dia não houver homens para apreciar a arte que ficar.

Óculos














Se durmo de óculos postos é porque quero sonhar focado.

Fruta da época

Se ela me apanhasse não me chamaria um figo!... Chamaria melão!

quarta-feira, novembro 25, 2009

Confissão audiovisual

Não sei onde escondi os dias felizes, davam-me jeito nestes tempos sem futuro. Existo numa cassete de vê-aga-ésse, perdendo magnetismo e esquecido dos dias além de próximos.
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Não vou em alta definição. Aliás, na melhor das hipóteses, não tenho nada definido. Haja uma réstia de esperança.
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O som sarraunde apenas traz as vozes dum passado que não quero ouvir. Mas, não há uma vidente que me bichane o futuro?
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Além de tudo o mais, a vizinhança estranharia as palavras tão baixas numa casa de televisão com som tão alto. Tantas horas no dia.
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Os meus dias fazem-se de tê-vê. Directamente apontada à cabeça. Directamente injectada nas veias.
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As minhas noites são de costas torcidas, de abandono no sofá, para curtir os efeitos do audiovisual que me entorpece.
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Não leio! Não leio! A pedra dum livro é ligeira e difícil. Mesmo na dureza das palavras, os livros não batem. Só a televisão dá moca.
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Como qualquer dependente, a droga não me sacia. A televisão não me satisfaz nem chega. Nunca farta, fartando a cada minuto que passa.
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Espero, a esperança pouca que me resta, a emissão que me dê esperança. Não que me devolva os dias felizes, mas que me dê alguma utilidade aos que tenho pela frente.

terça-feira, novembro 24, 2009

Estavas bêbado?





















- Queres ouvir uma muito boa?
- Conta…
- Ele perguntou-me:
- Quando é sábado? Respondi-lhe: - É domingo à noite.
- …
- Não achas o máximo? Domingo à noite… domingo à noite…
- Estavas bêbado?
- Não! Estava a dormir.
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Nota: Acordei a rir perdidamente, mas sem perceber a piada.

domingo, novembro 22, 2009

Plexiglas

Nos sentimentos sou transparente. Tenho um coração de plexiglas.

sábado, novembro 21, 2009

Letra Q





















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Nota: Esta letra estava em falta, andava perdida. Descobri no outro dia, por isso, aqui fica a rectificação.

sexta-feira, novembro 20, 2009

Medo












- Tenho medo da morte.
- Não deves ter medo da morte. A morte não existe.
- Mas morremos.
- Morre o corpo. Somos espírito e o espírito é imortal.
- Então tenho medo da imortalidade.

quinta-feira, novembro 19, 2009

Dias felizes

A felicidade nos dias tristes. Não deixo de pensar nisso, para que os dias valham as vinte e quatro horas. Parece tão distante quanto o fim do arco-iris. Chamo esperança à vontade de ir vivendo. O dia cinzento se for de tranquilidade será feliz. Mas as insuficiências tremem-me, o medo está e o café não me mantém acordado. Há solidão e tédio. Falta uma vidraça virada para a água. A luz de dentro filtra-se na vegetação, nos ramos dos limoeiros, do jardim. Dentro é ausência de perturbação, só o tique-taque do relógio da sala. Nem o vento de fora faz ruído. Nem a madeira range. Dias felizes?

terça-feira, novembro 17, 2009

Marcha

Gostava de ouvir a marcha fúnebre que tencionam tocar no meu funeral, é que depois de morto será mais complicado pronunciar-me e espero partir já a trautear qualquer coisa em memória destes dias.

Estar lá

Às vezes lembro-me de Albufeira e das mães de família de classe média muito entornadas, muito inglesas… dos beijos deles, encontrados à pressa na escuridão ou depois dos escaldões da praia. Eles, os outros, os delas, não viam, fingiam ou não estavam. Tudo o resto sempre lá esteve e está.

segunda-feira, novembro 16, 2009

Um dia de merda

Mais um dia igual aos outros. Cá dentro está sempre chuva.

domingo, novembro 15, 2009

Namoro antigo

Ainda bem que te encontrei. Vamos retomar a conversa onde a deixámos há vinte anos. Está bem. Então, ficas na tua casa ou na minha?

Anonimato

No jardim das margaridas, estás à conversa com o invisível. Vestida como uma criança. Não me reparas, mas digo-te. Sem resposta. Mil passos mais à frente, sentado num banco verde junto ao chafariz, falas-me e não me dizes quem és. Podes ser quem quiseres, acredito. Nas tuas palavras, acredito. Negas-me a identidade. Tenho direito à ilusão de saber o teu nome.

Futuro

O futuro passa por aqui e estou a vê-lo passar.

Adolescências


Os concertos são uma adolescência. Felizes na chegada e no fim, com dor pelo meio. Uma memória de prata, um lugar onde não se pode voltar. Uma vida a passar que só deseja o regresso. Nostalgia no presente e no futuro, quando for passado.

98.99.00 Agosto





















Agosto, triste Agosto. Feliz Agosto. O mais triste dos Agostos. Monotonia de Agostos.

Arte no fim do mundo

No fim do mundo vão restar a arte e os momentos sublimes. Seria um desperdício se assim não fosse. Mas e a beleza do efémero, o que se faz com ela?

Tempo de amor

















Os meus namoros duram cada vez mais tempo. O último chegou a uma hora. Este promete durar até ao pôr-do-sol.

Meu amor

Perdoo-te todo o mal que te fiz.

terça-feira, novembro 10, 2009

Nunca conseguirás





















Há miúdas que são tão miúdas, tão quase louras, tão boas e tão putas, que nunca serão tuas!

Ainda a propósito do dia de ontem














Contra os comunistas. Contra os fascistas. Contra os anti-comunistas. Contra os anti-fascistas. Contra os anti-anti-comunistas. Contra os anti-anti-fascistas. Contra todos os anti. Sou do contra, porque sou contra. Se for a favor quase ninguém pergunta porquê. Sou contra os extremos e o meio também. Voto, porque voto. Porque faz falta votar. Porque é importante votar. Mas não darei os votos a comunistas nem a fascistas. Já todos e a humanidade temos deles que baste.

Rosa-esturro

- Já reparaste que, ultimamente, perto de muitos socialistas cheira a esturro?
- São rosas, senhor!...

segunda-feira, novembro 09, 2009

Festa dos vinte anos

Foi bonita a festa, pá! Triste, só a incapacidade dos comunistas portugueses em assumirem os crimes dos regimes totalitários do Leste. Triste é ainda haver comunismo. de resto, a festa foi e é bonita.

Cromossomas

Um homem belo tem traços de mulher. Uma mulher bela é muito mais mulher. Tal como é XX e o homem XY. A arte, no masculino, é também sempre feminina. Se um artista precisa duma mulher, uma mulher não precisa de nenhum artista para ser bela.

domingo, novembro 08, 2009

Em poucas linhas

A vida vai toda em poucas palavras. Só por transtorno dizemos demais. Só por vaidade a escrevemos. Só por piedade a poupamos a outros.
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A minha vida contigo é ainda mais curta. Talvez nem valha estas linhas. Tu vales. A nossa vida não.
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Sempre fomos um amor pequenino. Queria-lo em botão. Queria-o como uma conífera. Não foi por isso, mas por um amor novo.
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Um amor novo morto antes da chegada. Não há dia que não me lembre desse amor novo no nosso amor novo.
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Ficámos a meio dum beijo.

quarta-feira, novembro 04, 2009

Ora eu





















Sou um playboy miserável. Figura do neo-realismo num beberete burguês... ou um menino-bem a viver de caridade.

terça-feira, novembro 03, 2009

A chuva e o imprevisto

Os imprevistos são imprevistos, como a chuva é chuva. Não há meios imprevistos, como não há meia chuva. É como estar-se zangado: pode estar-se muito ou pouco zangado, mas nunca mais ou menos zangado.
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O problema dos imprevistos é ser imprevisto. A chuva imprevista é um problema. A chuva imprevista faz-me zangar com alguém, normalmente comigo. A menos que a chuva imprevista não chegue em momento de caminho para um lugar onde se tem de chegar seco.
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Chegar cedo é, talvez, a melhor forma de enfrentar um imprevisto. Sendo que bom ou mau, um imprevisto é desarmante. Rápida deve ser a reacção. A chuva, imprevista ou não, pede rápida reacção, a menos que não chegue em momento de caminho para um lugar onde tem de se chegar seco.
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Sou do tempo em que os homens só usavam guarda-chuvas pretos. Outra cor seria sinónimo de dúvida. Todas as outras cores e as fantasias estavam para o outro género. Docemente, sem imprevisto nem previsto, mudou a vida. Mas a um chapéu-de-chuva, hoje como ontem, só se pede que proteja a roupa, o rosto e a pele. A menos que o caminho se faça para um lugar onde não é preciso chegar seco. E se os umbelas dos homens, tal como os das mulheres, podem ter qualquer cor, diga-se que estão mais perto do imprevisto, porque o imprevisto é sempre colorido.