segunda-feira, outubro 02, 2006

Nu descoberto

Tenho sequestrada a nudez e vejo-a às escondidas, embora sabendo que ela sabe que a espreito e tendo eu consciência da sua prisão e da minha obsessão.
Ilumino o palco da loucura onde a vejo e onde se esconde o nu da minha perversão, que me erecta e faz florir.
Sei que se revela, porque violado. Sei que se esconde, porque obrigado. Sei que se apaixona, porque aprisionado. Sou o carcereiro do nu. A luz é a porta e a escuridão as paredes. Este é o meu cio. Canso-me sempre na satisfação e nunca me satisfaço. Não sou completo sem o nu que aprisiono nem livre enquanto ele existir.

3 comentários:

  1. "Sou o carcereiro do nu. A luz é a porta e a escuridão as paredes. Este é o meu cio."
    Muito lindo. A fuga do que não se quer fugir...o ser que não pensamos ser em nós e apenas ver nos retratos dos outros...assim interpretei este texto para mim e para o meu mundo de leituras.
    Gostei muito João.

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  2. Está tão fantastico que se consegue ver para lá das palavras, este texto tem som e imagens!
    Parabens.

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