domingo, agosto 27, 2006

Violetas pelo chão

Parti a jarra e espatifei as violetas. Deu-me uma raiva que esfrangalhei todas as corolas. Não me peçam palavras bondosas nos dias vermelhos. A água do vaso estava esverdeada da seiva e não me comoveu nem acalmou os pés. A luz forte do Sol do Sul não é bela o suficiente para anular a gravidade e a queda. O descuido duma vida acontece num nada.
Parti a jarra e espatifei as violetas. Agora tenho rastos pequeninos de cor pelo chão e sinto-me pelos gestos brutais. Não há nada a fazer, está feito e ter gritado não me teria bastado.
Parti a jarra que era de loiça fina e desfolhei as violetas como um homicida à luz quente dum dia de Agosto. Tinha o sangue caudaloso nas têmporas e gritar não me bastou. Paciência, está feito. Amanhã compro margaridas.

4 comentários:

  1. não há volta a dar... tens sempre algum texto imprevisto à janela!

    gostei de tudo... das palavras imporváveis e das imagens possíveis!

    bem sabes... gosto de símbolos e sentido ocultos...
    violetas, violetas? violeta significa amor-perfeito... e margarida remete para pérola, como a Lua... redonda, oculta... que, quando se releva, nos maravilha com o seu brilho hipnotizante!

    belo texto!
    beijinho!
    dia muito feliz!

    ResponderEliminar
  2. Anónimo00:52

    o curioso é que esta flor do quadro não são violetas. ilusão talvez...

    ResponderEliminar
  3. pois não. curioso é que o que se lê neste blog não ter de ser real

    ResponderEliminar
  4. :)
    Beijinhos, muitos beijinhos, violetas e de outras cores!

    ResponderEliminar