digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

quinta-feira, dezembro 30, 2010

O escravo da odalisca





















Já te abracei e aqueci os pés. Fiz-te cócegas e rir. Em troca essa mocidade, pueril e inteligente, que invejo e quero perpétua.
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Sonho acordado que sou tuaregue e tu odalisca. Sonho acordado em que a roupa da cama é a nossa tenda no deserto.
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És o meu harém, grupo de desejo de uma só pessoa para uma só pessoa.
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Às escuras. Nunca vi a tatuagem que tens escondida num local discreto. Nem às claras. Só tenho olhos para os teus olhos e boca para te beijar. Mãos para te tocar. Vontade de tocar em tudo. Para que quero eu ver marca superficial cutânea?
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Acordo todas as noites contigo. Só os dois na tenda armada. Eu de tenda armada.
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Quero-te. Não faço parte do teu mundo. Estarás sempre na casa ao lado. Estarei na outra rua.
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Uma vontade muito grande de fusão. Nos meus braços. Nos teus braços. Sem falar. Tu de cabeça para trás em deleite. Eu furioso atleta. Tu por cima, eu por cima. Todos de lado. Até à apoteose.
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Deixasse de sonhar e não seria mais feliz. Se não te posso ter em corpo. Se as almas não se encontram. Sonho-te para que tudo entre nós possa ser diferente do que é.