digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

sábado, janeiro 31, 2009

Lindeza


Pela internet somos todos bonitos!
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Nota 1: Segundo a Beluga, somos todos Wally.
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Nora 2: Um dia ainda me apaixono pela internet... é a brincar, ok?!

Paciência


- Já está?
- Não, ainda não.
- Quando vai estar?
- Daqui a pouco.
- Quando?
- Daqui a uma hora.
- Tão tarde?
- Sim.
- Não pode ser antes?
- Menino, a paciência é uma virtude.
- Temos de ser sempre pacientes?
- Sim!
- Mesmo para quem parece saber muito e é arrogante e peneirento?
- Sim, para toda a gente!
- Mesmo para o Nuno Rogeiro?
- Filho, todas as regras têm excepção!
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Nota: Pior do que Nuno Rogeiro é Clara Ferreira Alves, porque é irritante quanto uma esfregona... Além de parecer avençada do PS e de Sócrates.

Declaração politico-filosófica

O autor deste blogue não apoia Sócrates, mas não confirma se prefere os Sofistas.

Brincadeiras de crianças.

- Gosto muito de brincar na praia... porque quando há calor vou ao mar e porque gosto de rebolar na areia.
- Eu gosto mais da montanha, da neve, porque está tudo branco e há um friozinho bom, fazem-se bonecos de neve e guerras de bolas.
- Pois eu gosto mais de brincar na Zona de Protecção Especial do Estuário do Tejo!
- Porquê? (uníssono)
- Porque há terrenos que desparecem dali e aparece um outlet.
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Nota: Pura magia.

Procura-se





















Perdeu-se terreno na Zona de Protecção Especial do Estuário do Tejo. Dão-se luvas a quem o encontrar.

A caminho de Andrómeda





















- Já pensaste, a estrela mais próxima da Terra está dois milhões de anos-luz.
- Não me impressiona.
- Não te impressiona?! Já viste tanto tempo para lá chegar e nós que só conseguimos voar a sete ou oito vezes mais depressa do que a velocidade do som... Por que não te impressiona?
- Porque quem vai a pé não tem pressa.
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Nota: Já tenho viagem marcada, mas não é para já.

No Céu e no Inferno





















Os anjos vivem no Céu, mas trabalham no Inferno.

Define-te através da música - Corrente musical

Porque às vezes sou garganeiro e invejoso, fui a um blogue aqui do lado e palmei esta corrente. Confesso que não gosto de correntes... um fiozinho ainda vá, um anel pode ser, um colar nas senhoras, mas pulseiras e correntes, não gosto. Então correntes, que são um adereço chunga do people do hip-hop. Já repararam como os rappers se vestem mal? E não sabem falar... é com cada calinada... e as músicas? E as letras? Todas iguais, muito básicas, os tugas, todos sempre com a mesma entoação... Bem, mas isto foi só por causa das correntes. A cena é a seguinte: dez questões que definem a pessoa e que se ilustram com música.
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É de bom tom lançar o desafio a mais bloggers, para que também eles postem a corrente... a coisa, se for seguida por todos, fica a modos que uma epidemia. Porém, não o vou fazer, porque as pessoas a quem quero lançar não tenho assim muita intimidade com elas... é que são poucos os meus amigos que dão nesta coisa dos blogues... e aqueles que dão já sei tudo acerca deles... topam? Por isso, os meus desafios seguem por email... se me derem tampa não passo uma vergonha das antigas. Compreendem, não compreendem?!
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As questões são as seguintes:
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1 - És homem ou mulher?
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2 - Descreve-te.
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3 - O que as pessoas pensam de ti?
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4 - Como descreves o teu último relacionamento?
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5 - Descreve o estado actual da tua relação.
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6 - Onde querias estar agora?
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7 - O que pensas a respeito do amor?
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8 - Como é a tua vida?
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9 - O que pedirias se pudesses cumprir um só desejo?
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10 - Uma palavra ou frase sábia.
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Cá vai:
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1 - És homem ou mulher?

Louis Armstrong e Dizzy Gillespie - Umbrella man
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2 - Descreve-te.

Maria Guinot - Silêncio e tanta gente
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3 - O que as pessoas pensam de ti?

Iran Costa - É o bicho
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4 - Como descreves o teu último relacionamento?

Sérgio Godinho - Bom prazer
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5 - Descreve o estado actual da tua relação.

Paul Simon & Art Garfunkle - The sound of silence
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6 - Onde querias estar agora?

Jorge Palma e Lena d'Água - Bairro do amor
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7 - O que pensas a respeito do amor?

Sérgio Godinho - Às vezes o amor
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8 - Como é a tua vida?

Joy Division - Isolation
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9 - O que pedirias se pudesses cumprir um só desejo?

Brotherhood of Man - Save your kisses for me
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10 - Uma palavra ou frase sábia

Sérgio Godinho - Os amigos do Gaspar
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Nota 1: Estou medicado e não mordo.
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Nota 2: Peço desculpa pela qualidade de alguns vídeos, mas foi o que se arranjou... já para não falar de algumas músicas.
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Nota 3: Por limitação de capacidade do blogger não foi possível escrever etiquetas para as músicas e para alguns músicos.

Sexo bísaro



Finalmente! Deu algum trabalho, mas consegui. Não uma, mas duas fotografias de bísaros... E das boas, vê-se-lhes o sexo. Os nossos amigos brasileiros, que aqui entram, diariamente e com frequência elevada, à procura de sexo bísaro vão, por fim, ficar satisfeitos. As famosas e pretendidas fotos de sexo bísaro.
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Nota 1: Bastou ir à internet e procurar a palavra «bísaro»... o que eles pretendem é bizarro, mas como não sabem escrever...
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Nota 2: Bísara, ou porco bísaro, é uma raça de porcos. Já quanto ao sexo bizarro prefiro não tecer comentários e guardar os meus pensamentos só para mim, não quero fazer juízos de vlor.

Cuidado com o que dizes

- Olha lá, vê lá como é que falas comigo. Sou loura mas não sou burra.
- Não diria que és loura. Acho-te mais a atirar para o ruivo.
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Nota: Ela não gostou e bateu-me, o que ia causando um acidente de automóvel. Comprovou-se que não era muito inteligente.

sexta-feira, janeiro 30, 2009

Complete a seguinte frase do pensamento socrático

Só sei que sabem que tudo sei...
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a) Mas não posso dizer.
b) Mas que não podem (ainda) provar.
c) Mas que só direi nas minhas memórias póstumas contarei.
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Remate 1: «Só sei que nada sei» - Sócrates citado por Platão.
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Remate 2: «Uma vida não suscetível de exame não vale a pena ser vivida» - Sócrates citado por Platão.
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Nota 1: O autor do blogue assume não ter provas do que quer que seja. As afirmações são meras suposições, baseadas em dados veiculados pela comunicação social. Assim, as suas afirmações podem carecer de verdade, sendo por isso erradas, infundadas e injustas... ou não.
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Nota 2: Qualquer semelhança entre os dois Sócrates é mera coincidência.
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Nota 3: O autor do blogue só foi uma vez ao Freeport, o outlet de Alcochete. Dali levou, pagando, é claro, um fato, cinzento escuro de meia estação, e quatro calças de sarja, duas azuis, umas pretas e outras cinzentas. Ah! E duas gravatas, lindas. Uma laranja, como o PSD, e outra vermelha, como a bandeira do PS... essa coisa do rosa é demasiado amaricada.
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Nota 4: Este quadro designa-se «A morte de Sócrates».

Simples





















- Contigo é tudo demasiado simples. Não te entendo.
- Esse é o teu problema. Não entendes. Mas isso não abona nada a teu favor...
- Como assim?
- Se é tudo demasiado simples e não entendes...

Malvados... Maldosos...

- Vou construir uma casa aqui.
- Mas aqui não é proibido?
- Para mim não é.
- Como assim?
- Sou primo do ministro.
- Mas não há leis? Não são iguais para todos?
- Sim, claro, mas tudo se resolve.
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- Primo, ‘tás bom?
- Tudo fixe. E contigo?
- Também. Olha, precisava dum favor teu.
- Se puder ajudar…
- Quero construir uma casa ali em Coentros de Baixo.
- Mas aí é proibido. Terras da reserva nacional.
- Não podes dar um jeitinho?
- Claro que posso… Deixa-me ver… faço um despacho a dar ordem aos serviços para considerarem o teu terreno sem importância para a reserva nacional. Depois faço um decreto para que o espaço não seja considerado reserva nacional.
- Então, pode ser tudo legal?
- Claro. Comigo é tudo legal.
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- Então, sempre resolveste a situação com o teu primo?
- Sim. Tudo tratado. Não é para isso que serve a família?
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- Senhor assessor, olhe o que os malandros dos jornalistas andam a escrever sobre mim.
- É tudo mentira, não é?
- Completamente. Por quem me toma?!
- Temos de encontrar uma solução… mas o quê?
- Diga-me você, justifique o dinheiro que ganha.
- Já sei! Vamos falar em aproveitamento político por parte da oposição… que há uma campanha negra, por parte de forças ocultas, contra si… realçamos que há eleições este ano e que a oposição está a aproveitar-se da situação.
- Isso… isso… Mas, os gajos até têm estado calmos… muito decentes comigo.
- Não importa! A culpa é sempre da oposição… e como há eleições este ano, eles vão passar por interesseirões, que se aproveitam dum simples e legal acto de gestão ministerial para fazerem um banzé, sobre coisas que não existem.
- Você é esperto... é bom!
- Deixe-se estar descansado… como está tudo legal, não há nada a temer.
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- Estás a ver esta bronca?
- Fogo!
- Lembras-te como isto começou?
- Fui eu que preparei a parte legal.
- O ministro pediu-te isso directamente ou foi o chefe de gabinete?
- O ministro. Disse-me que era urgente, importante e que teria de ser discreto, porque havia pessoas muito sensíveis… pediu-me para esquecer o Dr. Santos.
- Lembras-te quando foi?
- Completamente. Foi uma semana antes das eleições.
- Que bela memória!... Mas nessa altura o Governo só podia proceder a meros actos de gestão… além do mais porque foi o próprio primeiro-ministro a demitir-se.
- Sabes como é… um decretozinho aqui, um despachozito ali, nunca fizeram mal a ninguém. Além de que o assunto era importante. Não se podia deixar para o Governo seguinte, porque podia de ser da oposição, e foi, esses malandros... depois podiam não aprovar a alteração que o senhor ministro queria fazer ali em Coentros.
- Era importante? Então?
- Estratégico. Construíram lá uma casa, bem grande… empregou aí umas vinte pessoas durante seis meses.
- É relevante.
- A casa está linda, com aquela bela paisagem toda à volta.
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- Senhor assessor… o que faço agora?
- Tem a certeza que foi tudo legal?
- Bem… sim…
- Mas o dono da obra não é seu primo?
- Não me diga que também está alinhado com os que me querem ferir a honra… jornalistas, magistrados e outros…
- Claro que não!
- Acho bem...
- Vamos dizer que está inocente, uma vez mais… que não tem razões para se demitir e que está disposto a colaborar com a justiça…
- Mas tenho de abdicar da minha imunidade?
- Claro que não. É só para dar aquela pala…
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- O ministro, teu primo, está num grande aperto por tua causa…
- Pois… não deixo de pensar nisso…
- Daquela vez, chegaste a agradecer-lhe?
- Sim, mandei-lhe uma caixa de Barca Velha.
- Epá, vê lá se há registos disso… ainda te entalas e a ele também.
- Não há problema! Dei-as ao irmão, o outro meu primo.
- Ufa! Já estou mais descansado.
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Nota 1: Estas conversas privadas são pura ficção. A situação passa-se num distante país de brandos costumes. Qualquer semelhança com a realidade política portuguesa é mera coincidência.
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Nota 2: Não acham que um tio pedir ao sobrinho ministro um favorzinho para se reunir com uns empresários, que querem construir alarvemente numa Zona de Protecção Especial, é grave o suficiente? É o chamado senhor Cunha…

Língua - Conversa improvável ou verdadeira entre duas mulheres





















- Sempre te tornaste lésbica?
- Não.
- Então continuas a gostar de homens?!
- Sim, claro.
- Mas querias tanto ter uma aventura lésbica...
- E tive. Eu sempre sonhei com isso, tinha a certeza que teria de experimentar.
- Então?
- É bom!
- Melhor do que com um homem?
- É diferente.
- Diferente? Diferente como? Há uma parte que é óbvia...
- Também há envolvimento, mas é diferente.
- Sim, não há um pénis, mas duas vaginas.
- ... Com tudo o que isso implica.
- Mas é bom? Gostaste?
- Gostei!
- O que tem uma mulher que um homem não tenha? Além do pénis...
- Língua. As mulheres têm língua.

Apeteceu-lhe




















- Apetece-me ter uma experiência lésbica.
- Por que não rapas antes o cabelo?

quinta-feira, janeiro 29, 2009

Já foste


Saiste de mim. Foste embora. Como se me tivesses morto. Antes me tivesses morto. Se te beijar novamente será no vazio. Agora mato-te pela internet. Foste. Já foste.
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Nota: O tipo que pôs isto no You Tube diz que é uma paródia. Mas a brincar a brincar é que... o humor é uma coisa muito séria. Pela qualidade da letra e da música e por outras canções que o rapaz tem na rede já se vê o quão brincalhão ele é.

É sempre a mesma conversa

- Gostas de mim?
- Gosto. E tu gostas?
- De mim?
- Parvo! De mim...
- Claro que gosto.
- Por que gostas de mim?
- Porque és querido e divertido...
- Sou?
- És. Fazes-me rir.
- Sou um palhaço?
- És um palhacito.
- Palhacito? Isso é pior do que palhaço.
- Não é nada. Palhacito é giro, é «quido».
- Pensava que gostavas de mim por ser giro, pelo meu corpo e intelecto.
- Não sejas parvo. Não tem nada a ver.
- Obrigadinho.
- Nunca me escreveste um poema...
- Pois não. Tenho de tratar disso.
- Ah... assim não quero. Tive de ser eu a pedir.
- E se eu quiser dar?
- Oh!
- E se te cantasse uma canção?
- (sorriso embevecido)
- É cheia de poesia. Chama-se mesmo poesia... fala de amor e de prazer.
- Então canta lá. Quero ouvir.
- Cá vai...
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Nota: Agora é só ver o vídeo para ouvir a canção que ele lhe cantou.

Afasta-te de mim

- Chega-te para lá!...
- Porquê, tenho lepra?
- Não, mas és uma peste.

Não vale a pena

Estou apaixonado, sem perder tempo a amar. A paixão passa. O amor também.

O tamanho dos beijinhos

Mandei-te um grande beijinho mínimo, daqueles que enchem a alma, mas não contentam o coração.
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Nota: Uma amiga respondeu-me enviando «um mini beijinho grande». Fiquei derretido.

quarta-feira, janeiro 28, 2009

Ao que isto chegou

- Estás a ler o jornal?
- O que te parece?
- Parece-me que sim.
- Então?!... Olha lá, por que estás a ler o jornal?
- Para estar informado.
- Humm... não te bastava ver as notícias na televisão ou ouvir a rádio?
- Bem... não...
- Porquê? Não reparaste que a televisão e a rádio dão as mesmas notícias? E mais actualizadas...
- Mas os jornais devem explicar melhor.
- Então, por que não explicam?
- Talvez porque não saibam nem possam...
- Mas é suposto. Se as notícias são da véspera e vêm pouco ou nada explicadas, para que compras o jornal?
- Porque gosto! Pronto! Ajuda a queimar o tempo e a sujar os dedos.
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Nota: Em 1992 havia cerca de 3.000 jornalistas. Actualmente são mais de 8.000, resultado do enorme débito de licenciados em cursos de jornalismo, comunicação e afins, e que, nem o aumento do número de meios de informação consegue absorver.
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Esta situação tem vindo a degradar os salários da classe e implicado uma forte redução da qualidade noticiosa, devido à maior percentagem de jornalistas com pouca experiência, a quem não é possível nem viável dar o acompanhamento formativo como o que antigamente se fazia. Acresce à situação que muitos dos novos jornalistas saltitam de estágio não remunerado em estágio não remunerado, ou, na melhor das hipóteses, de estágio mal remunerado em estágio mal remunerado. Obviamente que os jovens jornalistas são vítimas e não culpados. Portanto, existe excesso de mão-de-obra, menor experiência profissional, reduzida formação prática e situações de mão-de-obra escrava.
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Para se ter uma ideia, no início da década de 1990, uma colaboração de uma página era paga, em média, a 25 contos (125 euros) líquidos, enquanto actualmente varia entre os 50 e os 100 euros brutos, quando chega aos 150 brutos já é considerado bom.
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Já nem quero entrar na prática muito comum de alguns editores rejeitarem temas e propostas de jornalistas free-lancers para depois as solicitarem aos da casa. Mas isso são questões de ética e de carácter, mas serve para ilustrar o lixo profissional e moral da profissão.
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São comuns, se não forem a maioria, as situações de estações de televisão (e publicações impressas) que evitam contratar jornalistas séniores, a quem lhes custa propor salários menores, contribuindo para o desemprego de profissionais experimentados. Em contrapartida, os critérios de selecção de jornalistas júniores baseiam-se no sexo e na beleza pessoal, priveligiando jornalistas do sexo feminino, por serem mulheres e ajudarem, teoricamente, a vender melhor e com significativa beleza. Ou seja, prefere-se o embrulho à competência, experiência ou potencial.
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Com excepção de jornalistas consagrados e de reputados fazedores de opinião, os jornais perderam o hábito de publicar as crónicas dos jornalistas. As reportagens vão escasseando e têm, em grande percentagem, curta profundidade, sobretudo nos diários. Talvez por estas razões é que muitos jornalistas têm aberto blogues, em regra bastante mais interessantes do que as publicações tradicionais. O acrescento de informação qualitativa é reduzido, bastando-se as meras notícias, de produção própria ou de agência. Aumentaram os casos de faits divers e o espaço para jornalismo de entretenimento.
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Todos os ganhos na produção dos jornais, resultado dos avanços tecnológicos, não reverteram a favor das redacções, mas apenas para departamentos não jornalísticos. Antigamente os jornais fechavam as edições mais tarde, permitindo melhor e maior cobertura noticiosa, enquanto agora têm tendência para fecharem cada vez mais cedo, falhando actualidade e reduzindo o tempo para acrescentar valor à informação.

domingo, janeiro 25, 2009

Gosto tanto da comida

- Vá, despacha-te. Come lá isso depressa... Não brinques com a comida.
- Mãe, eu não brinco mais com a comida. Mas posso levá-la para a cama para sonhar com ela?

Até um dia

Por que te despedes de mim se não me queres ver mais?

Até depois

- Por que se despedem as pessoas quando se irão rever nos instantes próximos, de horas a dias?
- Por receio da morte.

Ruptura - Promessas - Internet

És o meu grande ex-amor virtual. Nunca senti o teu corpo e o teu hálito.
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Nota: Nunca se conheceram.

sexta-feira, janeiro 23, 2009

Contra a intolerância islâmica

Se hoje condenamos a conduta da Igreja Católica nas Idade Média e Idade Moderna, com a sua Santa Inquisição, por que não haveremos de criticar a contemporânea intolerância religiosa dos islâmicos? Em muitos países muçulmanos, se não mesmo todos, como nos estados ocidentais para onde migraram, temos fenómenos de ruptura.
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Ou seja, andaram gerações na Europa, em particular, e nos estados do Ocidente, a lutar pela igualdade de direitos entre os sexos, pela tolerância religiosa, pela liberdade de pensamento e pela democracia, para agora terem de admitir e respeitar as fragmentações de comunidades islâmicas, que para aqui e lá imigraram, e calar as nossas santas boquinhas para não os melindrar. É só mesmo isto que nos faltava! Uma coisa é a liberdade e o respeito por outras culturas e religiões, e outra é o silenciar e amochar para não afectar os sensíveis temperamentos dos intolerantes.
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Dizem alguns cívicos que devemos, no Ocidente, respeitar a cultura islâmica. De acordo! Mas devemos permitir que as mulheres muçulmanas sejam rebaixadas e humilhadas pelas burcas nas nossas cidades? O mesmo se coloca em relação ao lenço islâmico que rebaixa quem o usa. É meio caminho andado para nos exigirem leis de excepção, só para as comunidades muçulmanas, para que possam aplicar a sua justiça castigadora, nomeadamente sobre as mulheres. Depois dessa cedência virá a necessidade de aplicar tais leis a todos. Aqui, no tolerante Ocidente contemporâneo.
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No Ocidente podemos criticar os políticos, os artistas, os santos e Deus. Os políticos podem não gostar e zangam-se. Os artistas podem não apreciar e zangam-se. Os crentes religiosos podem não gostar, protestam, fazem vigílias, escrevem artigos. Todos dentro dos limites do aceitável, do bom senso e da decência; quando assim não é, ou se ultrapassam limites, há tribunais idependentes de poderes religiosos e políticos. Já os santos e Deus têm mais do que fazer do que se zangarem, pois, felizmente, são muitíssimo mais tolerantes do que os homens. Mas, se isto acontece no Ocidente, alguém pode, honestamente, garantir que aconteça nos países islâmicos?! Mesmo na Turquia, que é um estado laico, Direitos Humanos elementares são bastante castigados... pelas autoridades e população. Claro que há atropelos aos Direitos Humanos no Ocidente cristão, mas, honestamente, não têm a mesma dimensão e frequência... salvo a triste situação de Guantanamo... que é grave por se tratar do Ocidente, que todos, e bem, criticamos, porque podemos. Quantas prisões imundas e sub-humanas existem nos estados islâmicos? Protestos civis e políticos... viram-nos e ouviram-nos?
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O que dizer da onde de raiva intolerante contra cartonistas, jornais, sociedade e estados a quando da publicação das caricaturas de Maomé? E as manifestações em países islâmicos, apoiadas pelos governos, que exigiam aos estados democráticos para aplicarem leis totalitárias?! Isto é decente? E o que dizer da cobardia de alguns políticos ocidentais, que rastejaram servis a quando dessa situação?! Medo de quê? Duma jihad, promovida pelas comunidades imigrantes? Para onde iremos? Que mais teremos de tolerar? Depois admiram-se do surgimento dos Le Pen...
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Há uns tempos, o primeiro-ministro da Austrália arengou aos muçulmanos do país. Que eram todos benvidos, mas que teriam de aceitar a a cultura democrática, a diversidade religiosa e a igualdade de direitos entre homens e mulheres. Lá lhe caiu a esquerda em cima, que o homem era xenófobo. Santa paciência!
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Bem sei que há comunidades muçulmanas pacíficas em diversos estados do Ocidente. Nisso, Portugal nem se pode queixar muito. Mas gostava de as ter visto na rua a condenar ataques terroristas ou a conduta extremista de grupos armados ou as políticas anti-democrática dos países islâmicos ou a apoiar a liberdade de expressão e a democracia nos países para onde migraram. Gostava.
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Tenho a certeza que Deus é justo e bom. Tenho a certeza que já havia pessoas boas e santas antes de se estabelecerem as religiões judaica, cristãs e muçulmana. Tenho a certeza de que a bondade e humanidade existem em todos os povos, quadrantes, latitudes, longitudes e religiões... nos agnósticos e nos ateus. Tenho a certeza que Deus prefere um bom ateu do que um beato perverso. É que não tenho dúvidas. Se posso afirmar isto é porque estou no moderado Portugal. Se estivesse num país islâmico teria de vociferar:
- Só há um Deus e Maomé é o seu profeta.
Todos os outros estão excluídos! Isto não é intolerância?
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A esquerda política portuguesa caiu em cima do cardeal patriarca de Lisboa quando este deixou um aviso às mulheres portuguesas, católicas em particular, para pensarem bem, pensarem duas vezes, ponderarem antes de se casarem com muçulmanos. Ai Jesus! Disse a esquerda, lá se vai a tolerância e o respeito pelas outras culturas. Em primeiro lugar, este clérigo é bem conhecido pelas suas posições de tolerância e integradoras, pelo que, no máximo, teriam sido palavras infelizes e imprudentes. Contudo, a intolerância da esquerda para com a Igreja Católica Apostólica Romana, alimentada pelo anacrónico pensamento jacobino, é inversamente proporcional à tolerância que advoga para todos os outros.
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Em observação: terá o cardeal patriarca dito uma coisa que se baseasse em alguma mentira? É, ou não, verdade, que existe uma cultura machista nos países islâmicos, onde as mulheres não têm, nem de perto nem de longe, os mesmos direitos e deveres que os homens?! Não esqueçamos o provérbio muçulmano que diz:
- Bate todos os dias na tua mulher. Se não souberes a razão, ela saberá.
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Se no Ocidente existem tantos casos de violência doméstica contra mulheres, facto que é, e bem, criticado por todas as pessoas decentes, o que não será nos países islâmicos, onde as mulheres estão num claro patamar inferior?!
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A Manel questionou-se no seu blogue (Blue) acerca do inverso, das mocinhas em relação aos mocinhos. Pois, por tudo o que escrevi acima, não é a mesma coisa, a situação não se põe.
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Já alguém reparou que os extremismos religiosos da actualidade vêm só os Islão? O problema do Islão não é a fé. Não será a doutrina religiosa. Mas a intolerância dos homens, dos que chefiam a fé e dos que a seguem. Homens que mandam, põem e dispõem, e que se concentram em grande número em alguns locais do planeta, professando uma mesma religião. Gostaria de ver os islâmicos moderados a insurgirem-se publicamente, e de forma notória, contra dirigentes políticos e religiosos do Islão. Nos seus países e no Ocidente. Seria uma postura de decência e de distanciamento.
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Nota: O autor do blogue apoia as declarações do cardeal patriarca de Lisboa e do primeiro-ministro australiano. O autor do blogue confessa que não é australiano. O autor do blogue confessa que não é católico e reconhece que existem muitos muçulmanos tolerantes e que não se conhecem fenómenos extremos destas comunidades em Portugal, apesar de casos episódicos de mulheres trajando burcas.



Resposta da Manel a esta posta: ler aqui.

quinta-feira, janeiro 22, 2009

Cona, buceta, rata, gatinha e outras coisas que querem dizer vagina

Esta coisa do sexo bísaro tem muito de que se lhe diga. É complexa, começo a entender. Quando começou a saga das pesquisas por sexo bísaro, todas elas provenientes do Brasil, percebi que o domínio da língua portuguesa naquele grande país dos trópicos não é muito grande. Por que raio há tantos brasileiros (também são muitos) há procura de sexo bísaro? Será que não percebem como se escreve bizarro?
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Este problema dos graves erros de português não é excluivo dos amigos brasileiros, infelizmente. Tenho conhecido muitos disparates a angolanos... e, então, a portugueses... ui ui. O que leva tantos lusófonos a escrever tão mal? Para se ter ideia da dimensão da coisa, numa enciclopédia para computador da Porto Editora, a maior em Portugal e especializada em publicações escolares, encontrei erros... e num dicionário de verbos da mesma editora foram encontrados, por pessoas minhas conhecidas, erros nas conjugações. Portanto, o problema não é dos brasileiros.
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Quando assinalo erros não me refiro aos meros tropeções na pontuação, em textos escritos à pressa, nem às celebérrimas gralhas, que são pequenos erros de simpatia, de omissão duma letrinha, de duas letras trocadas de posição.Pois tudo isso é fruto de pequenas dislexias ou distrações.
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Ora, já se percebeu que os lusófonos (a maioria ou muitos deles) não sabem escrever a língua que falam. Pudera, quando os supostos iluminados, esclarecidos, educados, modernos, actualizados e outros administradores, directores, gestores de empresas, engenheiros, cientistas, médicos, especialistas em geral, especialistas em generalidades, jornalistas, criativos publicitários e gestores de comunicação parecem só saber usar termos anglo-saxónicos... o que se quer? A língua portuguesa é maltratada desde o ignorante sem escolaridade até ao senhor doutor. E o que dizer dos palermas, de tradutores a economistas e empresários, passando por jornalistas, que confundem o bilião (bilhão no Brasil) com billion e o trillion com trilião?! É que as palavras são parecidas, mas não são o mesmo. São números diferentes. Santa ignorância!...
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Bem, já me meti a divagar e desviei-me uma beca donde queria ir: o sexo bísaro. Embora muitos brasileiros venham aqui ao blogue procurar também vídeos de empalamento (é uma mania, uma verdadeira taradice), o sexo bísaro é que acarinho, adoro ver o número de entradas de sexos bísaros. O que querem? Diverte-me. Mas lá estou eu outra vez a cirandar em vez de ir directo ao assunto. Só por causa das coisas vou mudar de parágrafo.
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Escreveu Duarte Pacheco Pereira que «não existe pecado no lado de baixo do equador». Não haverá pecado, mas há sexo. Até sexo bísaro... ou não há, mas andam à procura dele. Tudo isto porque me lembrei dum outro termo relacionado com sexo e usado pelos amigos brasileiros: a buceta.
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Buceta é o termo mais idiota para chamar à vagina. Vagina é a palavra correcta, mas é demasiado científica e médica. Ninguém, no seu perfeito juízo, diz:
- Oh, crida (querida), deixa-me comer-te a vagina...
- Oh boa, deixa-me saltar-te prá vagina.
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Vagina, pura e simplesmente, não dá jeito. Buceta é uma palavra estúpida, não quer dizer nada ou, se quer dizer, não lembra a dita a que se refere. Buceta lembra um objecto de escritório:
- Oh Sousa, passas-me aí os carimbos, a buceta e os envelopes, por favor?
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Buceta lembra-me também algo parecido com guardanapo:
- Oh Martinha, está quieta e almoça. Não brinques com os talheres e prende a buceta à camisola.
Buceta podia ser boca, pequeno buço, piaçaba, alavanca, bigorna, parafuso, mas nunca vagina! Buceta é uma palavra idiota. Uma palavra idiota para definir uma coisa concreta e que se deve gozar e apreciar. Algo que deve ser acarinhado.
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Vou recorrer a alguns exemplos que traduzem melhor em vernáculo, em português e noutras línguas, a vagina. Os italianos, que têm a língua latina, quiça mundial, mais irritante e histérica, chamam-lhe simplesmente «fica». É bonito e sóbrio. Pode pedir-se docemente à namorada:
- Crida (querida) tens uma fica tão bonita!...
Em francês diz-se «chatte», ou seja gata. Bonito! É um termo brincalhão, aplica-se a algo onde apetece brincar e folgar. Os ingleses têm «pussy», que é, ao mesmo tempo, divertida, frágil e deciosa, como um sorvete de morango. Em alemão é «muschi»... cutchi cutchi cutchi, ternurento. Em português de Portugal é rata... anda escondida, é inteligente e marota. Se os portugueses querem algo mais doce dizem passarinha... no mínimo é querido, não acham?
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Para quem prefere termos mais brutos, mais gordos e pesados temos a «cunt» do inglês, a «con» do francês e «fotze» do alemão... esta última até lembra o verbo foder, que vejo, tantas vezes, escrito «fuder» por brasileiros, que espero se trate duma minoria, pois é erro dos grandes. Voltando à expressão mais forte, em português, da pátria linguística, é cona. Pois cona, tal como cunt, con e fotze, tem força, tanto pode traduzir um desejo que dificilmente se contém, como algo brutal e grunho. Dois exemplos:
- Querida, adoro essa tua cona, dá-me uns frémitos, que já não aguento.
- Foda-se! Fui-lhe à cona e foi até de manhã.
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Prontos, há termos em diversas línguas importantes, que traduzem vagina, nos modos mais suave ou poético e nos mais animalescos e brutais. É uma questão de escolhas e preferências. Agora, buceta não diz nada. Não tem força de sedução ou de sexo puro e duro. Tenho a esperança que todos os brasileiros leiam este texto e que, compreendo-o, deixem, duma vez por todas, de chamar buceta à vagina.
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Nota: Este texto foi escrito de enxurrada e directamente da cabeça aos dedos. Não o revi, pelo que, se encontrarem asneiras ou se tiverem protestos, escrevam para o endereço de email, deixem uma mensagem ou queixem-se ao provedor.

Uma mãozinha

- Dás-me aqui uma ajuda?
- Não posso, tenho as mãos nos bolsos.

Satisfação de clientes e internautas em geral

Senhoras e Senhores... Meninos e Meninas... o Infotocopiável inaugura, neste preciso momento, o hábito dos pedidos... seria de discos pedidos se fossem discos, mas não. Embora aqui nada custe um tostão, o autor deste blogue tem o prazer de responder a todos aqueles que aqui buscam alguma coisa, vindos de pesquisas de motores de busca, e que, tantas vezes, não encontram o que desejam.
Ultimamente têm vindo aqui em demanda de Kelly MacCarty nua. Pois, julgo poder responder afirmativamente a essas buscas. O meu fornecedor habitual garantiu-me que a senhora neste quadro se chama Kelly MacCarty e, de facto, está nua. Mais do que uma foto de Kelly MacCarty nua, é uma pintura da dita senhora, e por um grande nome da pintura contemporânea. Também vi que entraram com pedido de Kelli MacCarty, mas julgo ser a mesma.
Outra pesquisa muito frequente é a de «sexo bísaro». No início ainda pensei que fosse confusão com «sexo bizarro». Porém, perante tantas pesquisas só posso ser eu quem está errado. O público quer mesmo sexo bísaro... entre porcos bísaros, portanto. Posso também satisfazer parcialmente o pedido. Esta senhora nua parece uma porca, está nua, a convidar para o sexo, e julgo que fazer coisital com ela será, no mínimo, bizarro - para quem buscar bizarrias. Diga-se que ela até parece um porco bísaro.
Já quanto ao vídeo de empalamento já é mais complicado. Tenho procurado muito para satisfazer os pedidos. Os meus fornecedores habituais têm passado horrores de horas em busca, mas não encontram. Deve ser mercadoria mesmo muito rara. Eu próprio já meti as mãos na massa. Contudo, o que encontrei foi no http://www.youtube.com/ e trata-se duma banda. Demasiado fácil ou então quem chega aqui à pergunta desconhece esse sítio na net, injusta e infelizmente pouco conhecido e divulgado. Se não é a banda que procuram, também pensei nisso. Telefonei para a Roménia, para Bucareste e diversas cidades da Transilvânia, mas todas as pessoas contactadas me garantiram que Vlad Tepes, senhor feudal e famoso empalador, já faleceu há uns séculos, quando nem sequer havia fotografia e, muito menos, vídeo. Todavia, a senhora Kelly MacCarty, presente na imagem, deve dar muito prazer em empalar, com tanta gordurinha, folhos e refolhos.
Bem, é isto. Espero ter satisfeito os meus exigentes fãs e «clientes». Prometo continuar atento aos pedidos.

Nota: Há coisas incríveis, não há?!

quarta-feira, janeiro 21, 2009

Ler o jornal

- Não sei o que fazer... outra vez.
- Não tens nada para fazer?
- Não...
- Não tens trabalho?
- Não.
- Já pediste ao chefe?
- Já...
- Por que não lês o jornal?
- Porque não o comprei.
- Então, podias começar a pensar em comprá-lo, não?!
- Para quê? Não tenho mesa para o ler...
- Tens essa...
- Tenho, mas é pequena.
- Não serve?
- Não, é pequena. Não dá para estender o jornal.
- Tens de arranjar uma maior. Sempre te ocupava o tempo.
- Não tenho dinheiro para comprar uma mesa maior.
- Por que não procuras um emprego que te pague melhor?
- E procuro onde? Na rua?
- Não. No jornal, claro. Os jornais têm anúncios de emprego.
- Bem sei. Mas, e onde o lia? Não tenho mesa para o estender.

Coisas de gaja com um gajo

Convidei-a para um café:
- Queres ir tomar um cafezinho um destes dias?
- Queres mesmo que te responda? Desaparece.
Desapareci e ela ficou zangada. Julgo que o mal que lhe fiz foi ter sido seu namorado.

Convidei-a para voltar a tomar café:
- Havemos de repetir, voltar a tomar um cafezinho...
- Não dá! Tenho namorado.
- E então, que tem isso? Não te pedi namoro.
- Já te disse, tenho namorado.
Desapareci. Fiquei a achar que o namorado a seguia e lhe batia.

Convidou-me para tomar café:
- Queres vir tomar café?
- Não dá. Ando muito ocupado. Sempre a ir para fora em reportagem. Saio cedo e volto tarde.
- Então, e no fim-de-semana?
- Epá. No sábado tenho compromissos religiosos, depois costumo ir sempre jantar com um grupo de amigos. O domingo é mesmo para descansar e recuperar da véspera.
- Então, se não queres, não queiras. Nunca mais te convido. Depois não te queixes.
Safei-me da melga. Nunca mais me falou. Fiquei agradecido.

Eram seis e meia da manhã


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A minha geografia inconsciente diz-me que a Torre Eiffel está em Londres. Nota: Paris por Seurat e Londres por Monet.

terça-feira, janeiro 20, 2009

A intimidade - Manifesto pessoal e algumas loucuras e inconfidências cirurgicamente reveladas - A entrevista improvável - Abaixo de cão

- Bom dia.
- Boa dia.
- Faça o favor de se sentar.
- Obrigado...
- Nome?
- João.
- João quê?
- O nome todo?
- Basta o primeiro e o último.
- Barbosa. Ainda bem que só quer esse, é que é tão grande que ficávamos aqui até amanhã para o dizer...
- Ai sim?! Está pronto para começar?
- Começar o quê?
- A responder às perguntas que tenho para si.
- Acho que sim, mas isto é para quê?
- A seu tempo saberá.
- Se o diz. Está bem...
- O que vê aqui?
- Vejo e sei o que é, mas não digo agora, digo-o depois, à parte.
- Ouve?
- O que lhe parece?
- Faro?
- Tenho.
- Paladar?
- Exigente (acho).
- Tacto?
- Algum, mas há situações em que sou desastrado.
- Cabelo?
- Preto e liso.
- Pele?
- Morena.
- Nacionalidade?
- Qual? A desta vida? Bem, portuguesa.
- Idade?
- Trinta e nove acabadinhos de fazer.
- Estado civil?
- Solteiro.
- Tem compromissos com mais de seis meses?
- Não.
- E com menos de seis meses?
- Não.
- Heterossexual?
- Claro! Por quem me toma?
- Altura?
- Um metro e setenta e seis.
- Peso?
- Bastante mais do que devia... muito. Não digo, prefiro não lhe dizer.
- Não o acho gordo...
- Ninguém acha, acham-me rechoncho, mas não gordo. Eu acho-me. Sou pesado. Mas não estou preocupado com isso.
- Desporto, faz?
- Nem pensar! Credo! Fazer esforço?! Safa!
- Olhe que há ginásios muito bons, onde até é divertido.
- O quê? Pagar para fazer esforço? Safa!
- Nunca fez desporto?
- Fiz. Natação.
- Durante muito tempo?
- Ufa! Comecei era muito miúdo, depois saí, depois voltei, voltei a sair... já não sei bem, mas foram umas quatro ou cinco vezes. Mas quando fiz foi por algum tempo, bastante. Fiz muitas piscinas. Era bom. Sobretudo em crawl.
- Estou a ver. Fuma?
- Não. Bem, uns charutos de vez em quando... mas só cubanos, de Vuelta Abajo, ou dominicanos. E também dou umas cachimbadas - tenho dois cachimbos ingleses - quando me quero armar em intelectual só para mim, mas só fumo tabaco inglês.
- Café, toma?
- Entre quatro e seis, mas nunca em jejum nem depois das seis da tarde.
- O que bebe normalmente?
- Assim, por dia? Dois litros de água, mais uma ou duas Coca Cola... vinho, mas não todos os dias, só uma ou duas ou três vezes por semana. Uísque dispenso, embora não desgoste dum Scotch, mas não ganho para o bom... e se pudesse (ai ai) Conhaque e Armanhaque.
- Falou-me em ganhar... valores?
- Isso não revelo mesmo. Por princípio. Nem o padre que me confessa o sabe.
- É católico?
- Não.
- Estou a ver... mas falou-me em padre...
- Pois foi. Falei por falar. Às vezes gosto de dizer coisas.... assim sem sentido.
- Mas acredita em Deus?
- Acredito, sim senhora.
- Em qual Deus?
- Há mais do que um?
- Há quem diga que sim.
- Estão enganados.
- Mas em que Deus? Quero dizer, que religião?
- Espírita. Sou cristão verdadeiro.
- Está a brincar novamente?!
- Não.
- Bem falávamos de dinheiro. Não vai mesmo dizer-me quanto ganha?
- Não!
- E posses? Bens...
- De relevo só um apartamento e um automóvel. Mas na verdade, a casa é do banco. Estou a pagá-la.
- Foi cara?
- Não.
- Onde fica?
- Em Lisboa, ali para os lados da Alameda.
- É grande?
- Não, é normal. Cinco assoalhadas não muito grandes.
- Nada mau... E o carro foi caro?
- Foi muito dinheiro, mas é dos mais baratos.
- Pode-se saber qual é?
- Um Peugeot 206, preto. Gosto muito dele. Chamo-lhe Sílvia. Sabe, os meus carros têm todos nomes de mulher. Primeiro foi a Joana, um Renault 5, e a seguir a Gigi, um Fiat Punto.
- Porquê nomes de mulheres?
- Porque de vez em quando gosto de pensar que mando numa.
- Que faz na vida?
- Quando faço alguma coisa de útil sou jornalista.
- Em algum jornal importante?
- Não. Numa pequena empresa produtora de audiovisuais, importante.
- Importante?!
- Sim. Não quero dizer conhecida.
- Ah bom! Já lhe perguntei quanto ganha?
- Acho que sim.
- E respondeu-me?
- Não.
- Hã hã, estou a ver. Trabalha muitas horas?
- As necessárias, mas tenho o dia preenchido. Suponho que me pergunta isso, porque estava a pensar convidar-me para um cafezinho... ou vai oferecer-me emprego?
- Nem uma coisa nem outra. Não era bem isso, mas não faz mal. Gosta do que faz?
- Muito. Muitíssimo.
- As pessoas são simpáticas?
- São. Há um ou dois malucos, mas nada de especial. Nesse aspecto também não tenho muita moral para falar.
- Já me disse que não diz quanto ganha? Mas está satisfeito com o seu ordenado, ganha bem?
- Não ganho muito. Já ganhei, em tempos. Há muito tempo, para aí há uns seis anos... mas depois veio a crise e uma pessoa tomba.
- Então não está satisfeito?
- Nunca se está satisfeito com o ordenado. Se nem os ricos estão satisfeitos com as suas fortunas, acha que são os assalariados que vão estar com os salários? Francamente... Mas não me queixo. Disso não me queixo.
- Mas ganha bem ou mal?
- Oiça! Já lhe disse que não digo quanto ganho. Já lhe disse o que penso acerca do meu ordenado. Não me obrigue a ser mal educado consigo.
- Ai sim?! É politicamente activo?
- Como assim? Se voto? Sempre.
- Em quem?
- Não revelo.
- Esquerda ou centro ou direita?
- Não sei.
- Não sabe?! Como não sabe?!
- Não sei.
- Não sabe ou não quer dizer?
- As duas coisas.
- Não sabe?!
- Sou conservador, logo de direita. Tenho preocupações sociais, diria que de esquerda. Sou democrata-cristão, mas não vejo nenhum partido democrata-cristão em Portugal. Mas há coisas em que sou de esquerda, como em relação à situação na Palestina ou em relação ao casamento entre pessoas do mesmo sexo...
- É a favor? Porquê?
- Porque acho que toda a gente deve ter o direito de viver em liberdade e com quem quiser, com quem ama. Ninguém mais tem a ver com isso. Se o casamento existe, então deve ser para todos os que o queiram.
- Quanto ao aborto?
- Votei contra a liberalização do aborto. Não aprovo a legalização duma pena de morte, além do mais de alguém que nem sequer tem a sua opinião auscultada.
- O pai?
- Não! A criança.
- Sim, tem razão. Percebi mal, estava desatenta. Desculpe. Em relação à pena de morte. O que pensa?
- Sou contra. Pelas mesmas razões das do aborto. Ninguém tem o direito de decidir sobre a vida dos outros.
- Eutanásia?
- Não aprovo. Mas se for um acto consciente e voluntário... se houver quem queira fazer de carrasco... é um negócio entre eles. Prestarão contas mais tarde a quem de direito, não falo de pessoas nem da justiça dos homens.
- De Deus?
- Responderá e será confrontado à luz da lei de Deus. Contudo, isso não compete aos homens.
- E o suicídio?
- Exactamente a mesma coisa. A vida é sagrada, mas o próprio é dono dela e faz dela o que quiser, até asneiras que, mais tarde ou mais cedo, se arrependerá e que terá de prestar contas.
- Mudando de assunto para algo mais ligeiro. Hobbies, tem?
- Tenho alguns. Desenho e pinto, já fiz fotografia, mas agora é raro. Depois tenho esta mania de escrever... armo-me em escritor no infotocopiável e em crítico de vínhos e gastronomia no joaoamesa. Mas é tudo na boa. Sem stresses, sem pretensões. Tenho outros, mas estão meio a marinar.
- Porquê?
- Porque não tenho tempo nem cabeça.
- Não lê? Não vai ao teatro e ao cinema?
- Claro. Mas isso não são hobbies.
- Não?! Enfim, adiante.
- Animais, tem?
- Três gatas, todas irmãs, mas uma é duma outra ninhada, um ano mais nova.
- São de raça?
- Acho que os gatos não têm raça. Diria que a Lioz e a Paraquedas são siamesas. A Granita é preta com três manchinhas brancas.
- Nomes curiosos... Adiante. Gajas, há?... Perdão! Já lhe perguntei se tem relações?
- Já e já lhe respondi. Solteirinho.
- Doenças sexualmente transmissíveis, tem?
- Credo! Não! Que eu saiba...
- E das outras?
- Tenho uma depressão.
- É grave?
- Para a maioria das pessoas não é, que é assim tipo hobby, que gosto de me chatear e andar triste.
- E não é isso?
- Se quiser, é. É o que quiser. Tanto me faz. Só me custa quando são os amigos que não compreendem...
- Não sou sua amiga?
- Não. Nem a conheço. Nem sei por que estamos a ter esta conversa tão íntima... mas a minha vida também é um livro aberto, não tenho nada a esconder... e o que tiver, não digo, escondo. Percebe?
- Percebo. Com que então é jornalista e tem trinta e nove anos. Já me disse que gosta do que faz e não revela quanto ganha. Penso que tenho tudo o que preciso acerca de si.
- Então estou despachado?
- Está.
- Então?
- Então o quê?
- Então agora? O que faço? Vou-me embora?
- Acho que sim. Não tenho mais nada para lhe dizer nem perguntar. Há alguma coisa que me queira contar?
- Bem, não. Mas... gostava de saber qual é o veredicto depois desta nossa conversa, cujo objectivo não sei.
- Não se preocupe. Nunca compreenderá por que tivemos esta conversa. Nem saberá para que servirá.
- Não acho justo.
- Aqui não tem de achar justo. Fiz-lhe as perguntas que tinha de fazer e o senhor respondeu como quis.
- Mas afinal qual é o veredicto?
- Quer mesmo saber?
- Quero.
- O senhor é banal onde se quer excepcional. É excêntrico quando se quer normal. É conservador quando se deseja contemporâneo, e vanguardista quando se devia resguardar. Além do mais está fora de moda. O que é isso da heterossexualidade? Cafona, né?!
- E então? Não estou aprovado?
- Não! Não presta. O senhor é abaixo de cão.
- Esta entrevista serviu para quê, afinal?
- Não é crente em Deus? Entenda como um dos seus mistérios ou então pergunte-lhe.
- Sou abaixo de cão?
- É!
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.
.
Não refilei e fui-me embora com o meu destino.

Os direitos de ter voz e dor

Quero queixar-me. Vou procurar um cancro para ter o direito de o fazer.

Nota: Também pode outra doença, desde que reconhecida, pelo Ministério do Senso Comum, como capaz de causar sofrimento sério.

Há dias





















Gosto mais dos dias longos, do Verão. Do mais longo do ano. Gosto mais dos dias curtos, do mínimo. Quendera fossem todos os dias. Mas talvez seja melhor assim.

sábado, janeiro 17, 2009

Ai a minha cabeça





















- Vejo como um fauvista, mas penso como um surrealista.
- Tu és mas é cubista que nem um asno.

Nota: Perceberam? Quadrado... cubo... cubismo... Estão a ver, não estão?

La la la la la la (a subir), depois a descer

Há quem tenha vizinhos músicos, que tocam piano ou sopram saxofone manhãs, tardes e noites inteiras. Pois aqui não há nada disso, mas a minha televisão faz vocalizações.

Nota: O canal Mezzo às vezes é tão chato e insuportável como a faca e alguidar dos noticiários portugueses.

sexta-feira, janeiro 16, 2009

A preto e branco

Agora que Barack Obama já ganhou as eleições e vai tomar posse como presidente dos Estados Unidos da América muito se tem falado na questão de ser o primeiro presidente negro do país.
Negro? Porquê? Que saiba a mãe é branca. Isso não faz dele branco? Por que quando há um casal misto os filhos são sempre pretos? Um mulato é preto. O filho de mulato com branco é preto. Isto embora sejam conhecidos inúmeros casos de mestiços que são incomparavelmente mais brancos que muitos portugueses caucasianos.
Bem sei do significado histórico, cultural e social da eleição dum cidadão preto (branco) para presidente dos Estados Unidos. Não sou ingénuo nem ignorante até tão longe. Há menos de meio século assassinou-se o sonhador duma América sem racismo e ainda nos tempos actuais existe uma organização abjecta como o Ku Klux Klan. Porém, alinhar na questão do preto e do branco tem sempre por base algo de racismo. É uma pessoa, um cidadão e isso basta para definir.
Esta coisa dos meios qualquer coisa lembra-me o Terceiro Reich e a sua política de perseguição racista e religiosa. Durante o nazismo, a sociedade não se dividia apenas entre arianos, judeus e ciganos. Havia uma hierarquia de sangue, que estabelecia níveis com base na proximidade de antepassado ou número de parentes com sangue judeu, eram os mischling. Alguém que tivesse um quinto avô judeu era judeu, um mischling. Adolf Hitler, um vegetariano excêntrico e a antítese do gastrónomo, recorreu a uma nutricionista para lhe variar e equilibrar a dieta. A senhora, da mais fina nobreza austríaca, esteve em funções até se lhe conhecer um quarto ou quinto avô judeu. Esta questão da percentagem do sangue tem, exactamente, o mesmo princípio da atribuição da classificação de preto a alguém que não o é apenas.
Os norte-americanos criaram um termo que me irrita, que é o afro-americano. O que é um afro-americano? Um cidadão preto que tem no seu trisavô um africano? Mas se os seus parentes mais próximos nasceram todos na América… E depois, afro? Então os magrebinos, caucasianos como um sueco, não são afro? Então não há brancos em África? Então o sul-africano descendente dum holandês, loiro ou ruivo, não é africano? Mas na América seria afro-americano?
Depois também há os remorsos e ressentimentos. O que até é natural. A questão traduz-se de diversas formas e, como é também compreensível, de formas erradas ou desconformes. Uma que oiço com alguma frequência é a de que não se deve chamar mulato a alguém que tem um dos progenitores negro e outro branco, porque, dizem, o termo é sinónimo de filho de mula. Um disparate! Os árabes estiveram séculos em Portugal e deixaram aos portugueses sangue e palavras. Uma delas deu mulato. O vocábulo deriva de muallad, e que se aplicava aos filhos de árabe com negra. Já mula vem do latim, deriva de, exactamente, mula.
O racismo nasce da ignorância e da reacção ao diferente. É primário. O racismo torna-se tantas vezes inconsciente. Muito boa gente, que até nem será racista, embarca em situações de discriminação. Quem nunca ouviu algo semelhante a «Está ali fora um senhor de cor que lhe quer falar». O que a palavra cor acrescenta? Já ninguém diria que «está ali um senhor gordo» ou uma «senhora feia», porque poderiam ouvir e levar a mal. Ninguém diz «está ali um senhor branco para ser atendido».
Um mito que me lembro de ouvir repetido é de que Portugal não é um país racista. Não o foi e será como outros países ou, pelo menos, tão violento e ostensivo, mas é. É frequente ouvir-se um responsável dizer que dois fulanos negros assaltaram uma bomba de gasolina, dois indivíduos de etnia cigana forçaram a entrada ou crime foi realizado por dois ucranianos ou brasileiros. Estas coisas são depois acriticamente repetidas por jornalistas e que passam para o dia-dia do cidadão comum. O que importa a raça, etnia ou nacionalidade para o caso? É atenuante ou agravante para a situação? Se fosse branco o criminoso tinha sido mais ou menos violento, mais ou menos frio e sinistro? Mas, é óbvio, que a discriminação pretende melhor identificar, mas mistura os maus com os bons e o resultado que se obtém é distorcido e desvantajoso para todos os outros da mesma raça, etnia e nacionalidade. Isto para o mal, porque para o bem não se passa assim. Ninguém refere que o presidente da Zon é indiano ou que a empresária Isabel dos Santos, a filha do presidente José Eduardo dos Santos de Angola, é preta.
Deixo o texto com a referência inicial, o novo presidente dos Estados Unidos. Que o mandato de Barack Obama seja metade (ouxalá mais) de bom do que a promessa e esperança.

Nota: Para terminar com humor, vai uma anedota racista. Diz alguém: «Eu não sou racista, só não gosto de alemães. Disseram que iam acabar com os judeus e os ciganos e fizeram um trabalho de preto». Vá lá, não sejamos fundamentalistas… o humor é um sinal de inteligência.

Morangos com Açúcar - série infinita





















Não quero nada mais da vida do que muitos e sempre novos episódios dos Morangos com Açúcar. Sem me mexer, sem pensar e com miúdos bem parecidos e miúdas de sonhar, que dão gosto ver, todos arranjadinhos. Afinal o que importa a estória ser sempre a mesma? Os belos são sempre diferentes.

Nota: O que importa o talento (quase sempre muito pouco)? Não importa se ninguém lhes conhece os nomes se nos lembramos dos rostos... Benedita Pereira, Patrícia Candoso, Sofia Arruda (que na altura era crime), Cláudia Vieira, Rita Pereira, Joana Duarte, Diana Chaves, Jéssica Athaide, Dânia Neto, Cristiana Milhão, Marta Faial, Mariana Monteiro, Mariza Pérez (esta então?!!!), Diana Nicolau, Filipa (Pipa) Barbosa, Inês Aleluia, Laura Galvão... além de Dalila Carmo, Carla Salgueiro, Patrícia Tavares, Sofia Grillo, Paula Neves, Sandra Cóias, Andreia Dinis, Bárbara Norton de Matos e, sei lá... devo ter-me esquecido de mais umas tantas...

Nota 2: As boys band e girls band da série é que são mesmo para deitar para o lixo. Mas para o especial, pois são tóxicas.

A encomenda

Hoje mandei-te um abraço tipo beijinho.

Nota: Recebeste-o? Gostaste?

Paisagem

A paisagem não é, mas como se vê.

Nota: Se calhar a frase não é feliz, mas é que este quadro lembra-me uma imagem através de vidro martelado. Parabéns a quem percebeu à primeira. Não sei se perceberia.

quinta-feira, janeiro 15, 2009

Público pedido de desculpas aos leitores e amigos - Eu todo nu

Nunca gostei de partilhar intimidades. Muito menos pela internet. Contudo, nos últimos dias, derivei, fruto de complicações várias da minha cabeça. No meu desvario meti-me aqui em confidências mais ou menos óbvias. Para quem não sabe, tenho uma depressão major e, por vezes, isto é tudo muito complicado. Nem todos sabem, porque muitos não me conhecem - só me lêem, vêm aqui de vez em quando ou ao engano (e depararam-se com este lindo cenário dos últimos dias) - ou, mesmo sendo amigos, desconhecem este meu facto.
Acontece-me, de vez em quando, ter crises. Nessas alturas tenho, em paralelo, momentos de «cegueira» e obstinação, de egoísmo e insensibilidade, de crueldade e frieza, de obsessão e raiva. Numa outra linha, mais pessoal, faço sofrer os grandes amigos, os que mais me têm ajudado, que me socorrem sempre que lhes peço, nomeadamente VR, IC, SC, AS e AS. Sofrem com o meu sofrimento, ao verem-me sofrer. Ajudam-me o melhor que sabem e podem.
Muitas vezes, talvez na maioria das vezes, não há qualquer razão para a cabeça disparatar. Quando os pirolitos andam bem, como qualquer pessoa «normal», uma adversidade é levada com calma, serenidade e com ânimo. Há épocas mais difíceis, como o final da Primavera e princípio do Verão, ou como, mais sério e grave, período pré-natalício e Natal, que para mim se prolonga até ao meu aniversário, no começo deste mês. Este ano, a baixa está a durar até mais Janeiro a frente. Tenho trabalhado. Sempre! Só no início da depressão, em 2001, e no momento mais fundo, no final de 2003 (quando fui parar ao hospital com uma intoxicação - nascer e morer são actos e momentos públicos, pelo que este também é), me vi forçado a interromper momentaneamente o labor. De resto, tenho amigos óptimos (além daqueles que acima mencionei), gosto do que faço e trabalho no local onde, até hoje, mais gostei de trabalhar. Como se vê, nem tenho razões para grandes tristezas... mas o cérebro tem mistérios (neuro-químicos) que a razão não atina.
Sei que este meu acto de exposição vai chocar algumas pessoas, nomeadamente amigos. Tenho essa consciência. Tenho consciência dos riscos que esta decisão pode acarretar. Porém, quero ajudar, com esta atitude, a dar a conhecer um pouco mais acerca desta doença. Para muitos é uma coisa de menino bem, de ocioso ou é algo de negligenciável. Não censuro, porque sei que não sabem, mas contradigo. Para muita gente, amigos incluídos, o depressivo queixa-se porque quer, sofre porque quer, não tem razão para se lamentar, para andar atormentado, bastando um sorriso para a vida correr melhor. Como se pode ler num comentário a um texto lá para trás, duma pessoa amiga, há muitos exemplos de pessoas com cancro que superaram a sua doença e sempre com sofriso e positivas e com bom ânimo. Pois aí é que está: a depressão é um «cancro» do ânimo. Ordenar a um depressivo que se anime é, mais ou menos, o mesmo que pedir a um coxo que ande sem apoios, ou que um engripado não tussa ou espirre. O problema é mesmo ter o ânimo estragado. A incompreensão dói. Paciência, é a vida. Ninguém disse que viver é fácil.
Se partilhei convosco momentos de insanidade, parece-me ser de justiça pedir desculpa por incómodos e sustos. Isto vai. Tem de ir. Cá estou eu todo nu... e marimbando-me (para o que pensem, mas não para vocês). Prometo continuar a tomar sempre a medicação e nunca toda duma vez.

Nota: Sou tóxico, mas não é por mal.

Ir. Para onde?

Para onde se vai quando não se quer ir para lado nenhum?

Em nome do belo - Suave apologia da pornografia - O que aqui já faltava - Passei-me

Já muitas vezes pensei: E se me passasse?
Se me passasse o que faria? O que quero exactamente a dizer com isto?
Bem, por vezes apetece mesmo meter aqui uma fotografia pornográfica, com uma beldade de perder a cabeça. Bem, só isso é pouco e fácil, uma provocação previsível, provavelmente banal e certamente simplista.
Decidi, em pensamento, não em decisão propriamente (estão a perceber a cena?) que teria de ter um texto qualquer a justificar. Mas o quê?
- Uma dissertação acerca da mulher objecto? - seria intelectualóide, ultrapassado e contra o meu pensamento: o corpo é nosso e se fôr bonito (ou não) pode ser mostrado.
- Um texto giro cheio de humor? - seria patético, depropositado e tão imbecil quanto uma piada dos Gato Fedorento.
- Algo acerca da beleza do corpo feminino (porque é esse que me atrai)? - Nope! Nem tenho paciência para tanto.
- Então, o quê? Nada.
- Nada? Como assim?
- Nada. Um corpo belo vale por si. E este texto idiota basta para justificar a opção. Não me venham com a estória de que o belo depende da perspectiva e que a pornografia nunca é bela. É falso! Porque se um corpo é belo, é sempre belo. Um corpo não é belo numa pose pudica e feio se em estado explícito. Quanto muito feio seria o suporte, mas o que importa isso quando o conteúdo é sublime? Estão a perceber, não estão?
E foi assim que me decidi, hoje, a passar-me da cabeça e postar uma gaja nua toda boa. Bom proveito.

Nota: Não me parece de bom tom não dizer o nome da modelo. Chama-se Katie Fey, adoro vê-la nua e consta que é ucraniana. Peço desculpa aos apreciadores de loiras e das ruivas, mas prefiro morenas e esta dá-me volta à cabeça. Porém, se voltar algum dia ao assunto, se tiver um tema parecido ou apropriado ou, simplesmente, se me voltar a passar da cabeça meto uma foto de ruiva ou loira. Para as miúdas, lamento, mas gajos não me atraem mesmo nada, guardem isso para os vossos blogues.

Aviso aos leitores

Este blogue está perigoso para olhos sensíveis. A minha vida é perigosa para pessoas sensíveis.

O destino nas cartas

O meu destino está aqui, algures. Por enquanto não o vejo. Mas vou escrever uma carta que me recomende. Pode ser que me mandem a resposta.

Vida de cão

Descobri que afinal não tenho para onde ir. Cá. Se não tenho essa obrigação por que hei-de de cumprir a viagem? Fico. Não vou. Vou ficando. Com as malas no carro e já saudades. Falta-me jeito para tudo, até para ir de viagem.

Mistérios

Não sei como fazem, mas sei que as minhas gatas abrem portas e gavetas. Eu faço ao contrário, vou fechando coisas. Elas desarrumam tudo, eu, apenas sentimentos.

Tudo pronto

Já fiz as malas. As minhas mães ajudaram-me, a de cá e uma de lá. Estou pronto. Mas ainda não sei quando vou nem como vou. Talvez vá a pé.


Nota: Não se trata propriamente duma fotografia, tal como vem referido na nota classificativa, mas dum trabalho efectuado com raio-X. Mas por falta de melhor definição vai assim. A mala é da Louis Vuitton.

quarta-feira, janeiro 14, 2009

Os dependurados

Quando o senhor ministro não apadrinha os amigos, é porque os afilhados não têm mesmo préstimo algum!

Miauuuuu

Para o novo destino, se chegar a ir, só terei pena da perda do convívio com as Três Gatas. Mas é conhecido que gatos não gostam de viagens. Terei saudades.

Vou ali e já volto

Recomeçar de novo. Não na vida, mas na outra a seguir.

As decisões quase inevitáveis

O filho tão desejado parte antes de sua mãe. Com ele vão as esperanças e as ilusões. Uma vida sem viabilidade levou-lhe a vida. Sim, apesar de tudo, nem todos os dias são bons para morrer.

terça-feira, janeiro 13, 2009

Vai sair da linha número 1

Tomara um comboio me levasse. Já cansa o constante contemplar dos vidros do telhado da gare. Não sei se são os passos sempre na minha cabeça se é a vida que me diz que já não vale a pena esperar. Tomara me levasse, que não sei se tenho coragem para por mim o apanhar. Ficar é que é morrer.